segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

E o leite, pode?



Um dos equívocos mais comuns das pessoas que param para praticar, criticar ou pensar no vegetarianismo é a presunção de que não pode haver implicações éticas na produção de leite. Partindo desse pressuposto errado, muitos julgam o veganismo uma postura radical, desnecessária e exagerada. Não é.


Essa presunção geralmente se baseia no raciocínio simplista de que "pra produzir o leite, não mata-se a vaca". Existem duas realidades básicas com que precisamos nos confrontar para quebrar este preconceito.



1 - Mata-se a vaca, sim. Todos os animais usados pela indústria se desgastam e, num certo momento, passam a não ser tão produtivos quanto o produtor gostaria. Então o produtor manda-nos para o abate sem pestanejar, e coloca animais novos no lugar. Como um telefone celular que começa a dar defeito e você troca.


2 - Enquanto a vaca não torna-se improdutiva, ela tem uma vida miserável. A maior parte do tempo confinada em espaços pequenos, com mangueiras elétricas ordenhadeiras acopladas nas suas tetas. Grande parte das vacas sofrendo de mastite, inflamação das mamas devida à ordenha exagerada. Todas sendo emprenhadas a uma frequência alucinante e perdendo seus filhos apenas 24 horas após o parto, apesar de seu cuidado maternal ter uma tendência natural a durar meses. Todas urrando desesperadamente ao ser separada de seus filhotes, de forma muito semelhante ao desespero de uma mãe humana ao ser forçadamente separada do seu bebê.



Esta vaca, que passará por várias separações forçadas e um sofrimento inimaginável durante toda a sua vida, poderá chegar aos cinco anos de idade - quando já estará exaurida e será mandada para o abate.



Portanto, a resposta é não - leite não pode. Um copo de leite ou um pedaço de queijo vêm com tanto sofrimento quanto um pedaço de carne, senão mais. A propósito, comer apenas 100 gramas de queijo equivale a beber de 2 a 2,5 litros de leite.



Não devemos ter papas na língua ao falar isso, nem devemos ter o cinismo de fingir que não sabemos disso. Se você não sabia, agora sabe.





Esta é uma homenagem de Dia das Mães às vacas leiteiras - tão mães quanto as mães humanas, mas diariamente sentenciadas a um dos maiores suplícios que uma mãe pode sofrer: a separação forçada dos seus filhos. O cuidado maternal é um comportamento natural extremamente significativo para grande parte dos mamíferos e aves - não apenas para os humanos. Se você ainda não acredita nisso, ou acredita mas não assimila, sugiro visitar uma fazenda e arrancar um bezerro recém-nascido de perto da sua mãe. Os urros da mãe falarão por si.

Fonte: Guilherme Carvalho - Argumento Animal DEBATENDO OS QÜIPROCÓS DA EXPLORAÇÃO ANIMAL 




4 comentários:

Luane Martins disse...

Eu me tornei ovolactovegetariana a quase um ano, mas logo depois de 2 meses eu comecei a implicar com isso e desde então tenho procurado seguir o veganismo, porque realmente não adianta muita coisa não comer a carne do animal e continuar explorando as pobres vacas e galinhas, e eu que sou adolescente sempre sofro implicações da família toda por isso, e minha mãe que também já se incomoda com o meu ovolactovegetarianismo, não aceita de jeito nenhum meu veganismo. Eu já avisei a ela que não quero continuar comendo nem usando qualquer coisa de origem animal, e não adianta ela proibir eu já decidi que se ela não quiser me apoiar comprando alimentos e produtos veganos eu me viro com o que eu puder, mas continuar com isso não dá mais, toda vez que eu vou usar a droga do shampoo ou outra coisa de casa de origem animal eu choro. Eu sei que se eu persistir ela vai acabar cedendo e vai se obrigar e me apoiar. Obrigado queria compartilhar.

Veganolo disse...

Ótimo depoimento! Infelizmente a maioria de nós passa por essas situações. Não é fácil convencer nossa família de que o que estamos fazendo é seguro e ético. Mas com certeza irão ceder, você precisa se impor de uma maneira não agressiva, mostre a eles os documentos, estudos e revistas de nutrição que falam sobre o assunto. Deixe bem claro seus motivos, mas sem agressividade, tente entender que para a geração de nossos pais e avós, muita coisa era tida como natural, inclusive escravos. Se puder, procure os grupos de veg(etari)anos no facebook, lá você encontra tudo que precisa. Abraços!

Daniela G. disse...

Minha família é totalmente carnívora... eu era vegetariano e quando tomei conhecimento da exploração que os animais sofriam virei vegano. Não foi fácil pra minha família aceitar, mas hoje eles pensam que é errado mas já aceitam.
Chorei com esse post!

Veganolo disse...

Excelente, Daniel!
Creio que a maioria de nós passa ou já passou por isso.
Difícil não se comover, ou se revoltar, com a crueldade e falta de informação existentes.